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Pesquisa revela nova perspectiva sobre adaptação motora em pessoas com atrofia muscular espinhal

Estudo da USP constatou que pessoas com Atrofia Muscular Espinhal (AME) conseguem se adaptar às limitações decorrentes da doença; atividades descritas podem auxiliar profissionais a enxergarem estratégias dos pacientes como 'capacidade eficiente'

por Equipe ACQF

A Atrofia Muscular Espinhal (AME) tem como sintoma principal a fraqueza muscular e pode ocasionar problemas de mobilidade – Foto: Jon Tyson/Unsplash

Por Jornal da USP

A Atrofia Muscular Espinhal (AME) é uma doença progressiva que tem como sintoma principal a fraqueza muscular. Ela pode ocasionar problemas de mobilidade, respiração, na fala e deglutição. A causa da doença é hereditária e está relacionada a um defeito no gene produtor da proteína SMN, responsável pela sobrevivência dos neurônios motores. Mesmo diante das limitações impostas pela condição, um estudo da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP constatou que pessoas com a doença são capazes de realizar adaptações nos movimentos corporais para executar tarefas motoras.

Ana Angélica Ribeiro de Lima é pesquisadora em desenvolvimento motor na atrofia muscular espinhal pelo Programa de Educação Física e Esporte da USP – Foto: Reprodução/EEFE

Ana Angélica Ribeiro de Lima é pesquisadora em desenvolvimento motor na atrofia muscular espinhal pelo Programa de Educação Física e Esporte da USP – Foto: Reprodução/EEFE

A pesquisa foi realizada por Ana Angélica Ribeiro de Lima, sob orientação do professor Edison de Jesus Manoel. O estudo contou com a participação de nove pessoas diagnosticadas com AME, com diferentes níveis de competência motora. A cada quatro meses, durante um ano, os participantes enviavam vídeos realizando uma tarefa de mudança de postura: de deitado de barriga para cima para sentado, repetidamente.

Ao final, foram observadas adaptações para que a tarefa fosse concretizada mesmo com as limitações motoras presentes. Essas adaptações envolviam, principalmente, a utilização dos membros superiores para se puxar pela roupa, coxa ou borda da cama, ou empurrar o colchão para auxiliar na transferência de posição. No entanto, cada participante realizou uma estratégia diferente para transferir-se para a postura sentada.

Tarefa realizada pelos voluntários consistia em transferir-se da postura de deitado de barriga para cima para sentado, repetidamente – Fotos: Reprodução/EEFE

Ana Angélica explica que esses comportamentos já são amplamente relatados em outras doenças, como nas distrofias musculares, mas sempre são vistos e descritos como movimentos compensatórios. Sob essa nova perspectiva, foi possível considerar que essas adaptações são como uma capacidade eficiente e inteligente do organismo para superar as limitações impostas pela doença.

Segundo a pesquisadora, os resultados trazem uma nova perspectiva para o desenvolvimento motor de pessoas com AME: a importância de enxergar esses corpos como capazes e criativos, tanto quanto os de pessoas sem deficiência. O estudo também permite enxergar aqueles com doenças progressivas como corpos capazes de explorar o ambiente de maneiras diversas.

“É crucial compreender que não existe um ‘modo correto’ de se movimentar, uma vez que essas pessoas apresentam variações consideráveis entre si e encontram diferentes estratégias para solucionar problemas motores. Além disso, os profissionais podem se beneficiar ao ter acesso a descrições detalhadas dessas diversas estratégias, a fim de aplicá-las no tratamento de seus pacientes”, conclui a pesquisadora.

A tese, intitulada Adaptação motora em pessoas com atrofia muscular espinal em relação à gravidade da doença, foi apresentada à EEFE, na área de concentração de Estudos Socioculturais e Comportamentais da Educação Física e Esporte. O trabalho completo encontra-se disponível no banco de teses da USP e pode ser acessado on-line.

*Com texto da Seção de Relações Institucionais e Comunicação da EEFE

 

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