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Aulas sobre biodiversidade brasileira ficam mais dinâmicas com o aplicativo ClickBiota

Dirigido a alunos e professores da educação básica, aplicativo e website desenvolvidos por pesquisadores da Faculdade de Educação da USP reúnem materiais pedagógicos para trabalhar em sala de aula

por Equipe ACQF

ClickBiota é a interface de aplicativo do website Biota Educação, criado para estimular professores e alunos da educação básica a conhecer a biodiversidade nativa brasileira, e consequentemente se engajar em ações de conservação ambiental. Por meio do aplicativo, os alunos podem tirar fotos de plantas e animais com seus celulares, e publicá-las em um mural interativo. Muito além de uma galeria de imagens, é voltado para o registro das espécies nativas, e ao mesmo tempo a possibilidade de se construir um grande banco de dados de georreferenciamento. O aplicativo ClickBiota é gratuito e está disponível nas plataformas Android pelo Google Play e iOS pela Aple Store. Para acessar o website, clique neste link.

O website e aplicativo são fruto do projeto temático Programa Biota-Fapesp na educação básica: possibilidades de integração curricular, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.(Fapesp) e sediado na Faculdade de Educação da USP. “Já está bem estabelecido que o conhecimento da biota é fundamental para iniciar e manter ações de conservação. Esse é nosso grande objetivo: levar a biodiversidade brasileira para dentro da sala de aula e acompanhar a efetividade das ações educacionais. Além disso, podemos fazer pesquisas e enquetes com os alunos utilizando o celular”, afirma em entrevista ao Jornal da USP o professor Nelio Bizzo, coordenador científico do Núcleo de Pesquisa em Educação, Divulgação e Epistemologia da Evolução (Edevo-Darwin), da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) da USP e do Projeto Temático Biota/Fapesp-Educação (2018-2023).

Nelio Bizzo, coordenador científico do Projeto Temático Biota/Fapesp-Educação – Foto: Reprodução/Researchgate

As fotos, uma vez publicadas, são visualizadas por todos os participantes, que incluem pesquisadores e especialistas de Zoologia, Botânica, Ecologia e áreas afins. Segundo informações do professor no material de divulgação, “o aplicativo de celular permite transformar o aparelho em algo útil não apenas para a educação, mas também para a ciência, pois podem ser produzidas imagens georreferenciadas”. E continua: “pode parecer pouco, mas ao longo do tempo teremos um grande banco de dados confiável cobrindo uma área geográfica muito vasta”.

O aplicativo e o website foram criados como forma de oferecer ferramentas pedagógicas aos professores de Ciências da educação básica para complementar o currículo escolar, de modo a instigar o interesse dos alunos no estudo da biodiversidade nativa, trazendo o assunto para dentro da sala de aula. O website possui materiais didáticos interativos para alunos, com exercícios com quadro de correção automática, com relatórios para os professores, além de materiais de apoio para professores e alunos, e um Blog, com notícias sobre a biodiversidade brasileira, atualizadas regularmente. “O conjunto website-aplicativo foi submetido a um Conselho de Ética em Pesquisa da USP e está registrado no sistema Conep [Comissão Nacional de Ética em Pesquisa]/Plataforma Brasil”, destaca o professor.

Site do projeto Biota-Educação – Foto: Reprodução/Edevo Darwin

 

O projeto

O grupo de pesquisa tem uma longa experiência com o uso da internet em escolas, como conta o professor. “Isso começou com uma bolsa de pós-doc concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em 1992, que me permitiu acompanhar o trabalho que começava a ser realizado na Computer Based Learning Unit da Universidade de Leeds, na Inglaterra. Logo após minha volta, fui convidado pelo professor Fredric Litto, da Escola de Comunicações e Artes a liderar o grupo de Ensino de Ciências via Temática na Escola do Futuro da USP”, lembra Bizzo. Segundo ele, desde aquela época vários pesquisadores fizeram seu mestrado e doutorado tendo essas referências, e agora muitos deles são docentes.

Em 2015, com o edital do Programa Biota-Educação da Fapesp, os pesquisadores resolveram se reagrupar tendo como foco temático a biodiversidade e a perspectiva multidisciplinar. “O projeto combinou pesquisa básica, gerando evidências sobre a realidade escolar, e aplicação prática, oferecendo materiais didáticos sobre biodiversidade. Esses materiais utilizam tanto quanto possível as pesquisas financiadas pelo Programa Biota Fapesp”, explica. Além disso, diz o professor, o aplicativo ClickBiota conversa com o website e permite interação, por exemplo, gerando fotos georreferenciadas de plantas e animais. “Ao mesmo tempo, nos permite pesquisar o desempenho estudantil em tempo real, o que é uma grande inovação, pelo menos nas escolas públicas”, destaca.

Participaram do projeto pesquisadores, pós-doutorandos e alunos de pós-graduação da USP, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e do Instituto Butantan, além de bolsistas de iniciação científica de diversos campi da USP, Unifesp, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e PUC-Campinas.

A pesquisa

Como revela o professor, as pesquisas mostraram que os estudantes da região sudeste têm baixo interesse pelo estudo da biota nativa, comparativamente a outras regiões do país, sobretudo a região norte. Ao mesmo tempo, complementa, pesquisamos seu nível de conhecimento sobre conceitos básicos de biodiversidade e quais as ferramentas tecnológicas acessavam com maior facilidade. “O celular demonstrou ser, de longe, o recurso mais disponível e utilizado. Daí não havia dúvida de que ele deveria ser a chave para levar ao website a biota nativa com a qual os estudantes têm contato”, constata.

O projeto teve cinco anos de duração e, segundo o professor, teve de se adaptar – “a duras penas” – às medidas que afetaram o funcionamento das escolas e da Universidade durante a pandemia. “Estimulamos a criatividade do grupo e novas práticas – algumas inéditas – foram aprovadas pela Fapesp e pudemos alterar nosso cronograma”, explica o professor. “Inicialmente fizemos estudos com um grande banco de dados, fruto de pesquisas anteriores. Com a pandemia, iniciamos a construção do projeto de website e do aplicativo, de um lado, e, de outro, bolsistas de pós-doc e de iniciação científica contatavam pesquisadores para obter conteúdo para o website”, conta, acrescentando que com a volta das atividades presenciais, foram iniciadas as pesquisas junto a alunos da educação básica para entender seus interesses, atitudes e conhecimentos sobre biodiversidade. “Isso nos permitiu finalizar os materiais e a arquitetura dos recursos digitais disponíveis”, diz.

As parcerias

A Faculdade de Educação (FE) da USP sedia um núcleo de apoio à pesquisa, ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação, que serviu de base, inclusive física, para o projeto, explica o professor. “Além de ser a instituição sede junto à Fapesp, conseguimos financiamento britânico para o projeto, em especial para o treinamento remoto de professores que participaram dos testes com o website e aplicativo”, informa o professor. Além disso, como assegura o professor. A FE e a PRPI trabalharam rapidamente para viabilizar essa captação de recursos, que atraiu professores da educação básica de várias partes do país, e não apenas de São Paulo.

“Agora estamos formalizando parcerias para o uso desses materiais e desenvolvimento de projetos com as escolas”, anuncia, dando como exemplo um deles que envolve a transmissão de imagens de comedouros de aves, e de um ninho, “que esperamos seja palco de um ciclo reprodutivo de corruíras”. Segundo Nizzo, “com a chegada da internet nas escolas públicas de todo país, a FEUSP poderá contribuir decisivamente com conteúdo e pesquisas de acompanhamento escolar em tempo real, o que nem mesmo o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) está em condição de fazer atualmente”.

Projetos para professores trabalharem em sala de aula – Foto: Reprodução/Biota Fapesp

Os materiais

O projeto conta com um leque de materiais, como diz o professor, tanto materiais didáticos sobre os conceitos básicos de biodiversidade, com exercícios interativos, como materiais de apoio, sugestões de trabalhos experimentais nas escolas, entre outros. “Professores e alunos alimentam o website com imagens, textos e comentários, inclusive no mural de fotos e no blog, que tem atualização regular”, informa. “Há vídeos com entrevistas de pesquisadores na TV ClickBiota, que é uma das funcionalidades do aplicativo, tanto sobre animais da biota nativa como sobre espécies exóticas e invasoras”, completa. O professor também diz que há outros materiais: “Já temos mais materiais preparados, pois a demanda é grande, e o potencial de expansão enorme, especialmente agora, com o lançamento da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, anunciado pelo presidente Lula e pelo ministro Camilo Santana”.

Para participar do projeto, os estudantes e professores precisam se cadastrar. “Os usuários cadastrados podem utilizar o aplicativo para fotografar plantas e animais e incluir o georreferenciamento do celular, o que nos permite construir um grande banco de dados sobre a biota brasileira. Os alunos são estimulados a realizar essas atividades de registro com o app, participando de uma premiação simbólica em função do tipo e número de fotos postadas no mural do website e da quantidade de curtidas dessas imagens. Isso deve estimular as escolas a dar mais atenção à biota nativa que circunda a escola, além de valorizar as pesquisas brasileiras sobre ela”, espera o professor, antecipando que a primeira olimpíada ocorrerá, de maneira experimental, em novembro.

Para baixar o ClickBiota acesse o Google Play, para sistemas Android, e Aple Store, para sistemas iOS. Para acessar o site Biota Educação acesse http://www.biota.fe.usp.br.

Por Claudia Costa / Jornal da USP

 

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