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Brasil participa de projeto científico que busca sinais de vida em exoplanetas

O projeto ANDES é desenvolvido por um Consórcio Internacional composto por Institutos de Pesquisa de 13 países, incluindo o Brasil

por Equipe ACQF

O Observatório Europeu do Sul, na sigla original ESO (European Southern Observatory) assinou no início deste mês um acordo histórico com um consórcio internacional de instituições para a construção do Espectrógrafo Echelle de alta dispersão, com a sigla internacional ANDES (ArmazoNes high Dispersion Spectrograph). Este poderoso instrumento será instalado no European Extremely Large Telescope (EELT) do ESO. Com 39 metros de diâmetro em seu espelho primário, o EELT representa o maior projeto astronômico em desenvolvimento.

O projeto ANDES, do qual fazem parte no Brasil a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o Observatório Nacional (ON), terá um papel crucial em diversas áreas da astronomia moderna. Seu objetivo principal é a busca por sinais de vida em exoplanetas e a detecção das primeiras estrelas do universo. Além disso, o instrumento permitirá testar variações das constantes fundamentais da física e medir a aceleração da expansão do universo.

Vanguarda da astronomia brasileira

O professor José Renan de Medeiros, Professor Titular da UFRN e PI brasileiro do projeto ANDES/ELT/ESO, destacou a importância do ANDES: “O ANDES compõe a primeira geração de instrumentos do EELT, cobrindo a mais ampla região do espectro eletromagnético jamais usada para um instrumento instalado no solo. Isto o fará pioneiro por seu desenvolvimento tecnológico, mas também pelas perspectivas científicas oferecidas. Em nível nacional, o ANDES representa o alvorecer de uma sólida parceria científica entre a UFRN e o ON, que pode ser traduzida pela abertura de oportunidades de vanguarda para a astronomia brasileira.”

Anteriormente conhecido como HIRES, o ANDES é um espectrógrafo de altíssima precisão que analisa a luz em seus diferentes comprimentos de onda, permitindo que os astrônomos determinem propriedades essenciais dos objetos astronômicos, como suas composições químicas. Este instrumento terá uma precisão recorde nas regiões da luz visível e do infravermelho próximo. Combinado com o sistema avançado de espelhos do EELT, o ANDES revolucionará a pesquisa astronômica em várias frentes.

O diretor do Observatório Nacional, Jailson Alcaniz, que é membro do grupo de cosmologia e física fundamental do projeto ANDES/ELT/ESO, fez a seguinte observação obre o ANDES:

“Além das inúmeras perspectivas científicas em várias áreas da Astronomia, o ANDES também oferece uma oportunidade única de testar aspectos fundamentais em Cosmologia e Física Teórica como, por exemplo a universalidade das leis da Física, a evolução da temperatura da radiação cósmica de fundo e o mapeamento da história da expansão do universo.”

E prosseguiu: “Neste sentido, recebemos com grande satisfação a confirmação da assinatura do acordo com o ESO. Tenho certeza que a comunidade brasileira saberá explorar as oportunidades científicas únicas que esse instrumento oferece tanto para a Astronomia quanto para a Física.”

O ANDES realizará ainda investigações detalhadas das atmosferas de exoplanetas semelhantes à Terra, ampliando significativamente a busca por sinais de vida. Também será capaz de analisar elementos químicos em objetos distantes do universo primordial, possivelmente se tornando o primeiro instrumento a detectar assinaturas das estrelas de População III, as primeiras estrelas nascidas no universo.

Além disso, os pesquisadores poderão utilizar os dados do ANDES para verificar se as constantes fundamentais da física mudam com o tempo e o espaço, e para medir diretamente a aceleração da expansão do universo, um dos maiores enigmas do cosmos.

O EELT do ESO, em construção no deserto do Atacama, no norte do Chile, será o maior telescópio óptico do mundo. Com o início das operações previsto para o final desta década, o EELT marcará uma nova era na astronomia terrestre, proporcionando avanços significativos no nosso entendimento do universo.

Um comparativo que a Nasa faz entre a Terra e Kepler-1649 c, um exoplaneta apenas 1,06 vezes o raio da Terra | Imagem: NASA/Ames Research Center/Daniel Rutter

O que é um exoplaneta

Segundo definição da agência espacial americana, a Nasa, e que pode ser conferida em inglês clicando neste link,   um exoplaneta é qualquer planeta além do nosso sistema solar. “A maioria orbita outras estrelas, mas exoplanetas flutuantes, chamados planetas desonestos, não estão ligados a nenhuma estrela. Confirmamos mais de 5.200 dos bilhões de exoplanetas que acreditamos existirem”, assinala a Nasa.

A maioria dos exoplanetas descobertos até agora estão numa região relativamente pequena da nossa galáxia, a Via Láctea. (significado “pequeno” dentro de milhares de anos-luz do nosso sistema solar; um ano-luz equivale a 5,88 trilhões de milhas, ou 9,46 trilhões de quilômetros.) Mesmo o exoplaneta conhecido mais próximo da Terra, Proxima Centauri b, ainda está a cerca de 4 anos-luz de distância. Sabemos que há mais planetas do que estrelas na galáxia.

“Medindo tamanhos (diâmetros) e massas (pesos) de exoplanetas’, podemos ver composições que variam de rochosas (como a Terra e Vênus) a ricas em gás (como Júpiter e Saturno). Alguns planetas podem ser dominados por água ou gelo, enquanto outros são dominados por ferro ou carbono. Nós identificamos mundos lava coberto de mares derretidos, planetas inchados densidade do isopor e denso núcleos de planetas ainda orbitando suas estrelas”, assinala a Nasa.

De acordo com a Nasa, o Kepler-1649 c é um exoplaneta da Super-Terra que orbita uma estrela do tipo M. Sua massa é de 1,2 Terras, leva 19,5 dias para completar uma órbita de sua estrela e está a 0,0649 UA de sua estrela. Sua descoberta foi anunciada em 2020 e está localizado a 300 anos-luz da Terra.

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