Uma tecnologia capaz de criar um curativo inteligente que consegue detectar o nível de acidez da lesão e indicar a eficiência do tratamento foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), por intermédio do Laboratório de Telecomunicações (LabTel), com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). O coordenador do projeto é o professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Ufes, Anselmo Frizera.
O objetivo do estudo, que desenvolveu o curativo, foi a criação do protótipo e a validação da tecnologia, que utiliza fibra óptica, e da fotônica, para o monitoramento de feridas. Com a finalidade de identificar a cicatrização e a aplicação de novos tratamentos para cicatrizar, o curativo precisa de indicadores quantitativos para avaliar a cicatrização de feridas e, nesse caso, o pH (acidez) na região do machucado é um importante indicador.
“Sendo o pH na região da ferida um importante indicador da cicatrização e eficácia do tratamento, diferentes técnicas vestíveis para medir o pH em machucados foram recentemente propostas. No nosso caso, desenvolvemos o primeiro curativo inteligente baseado em sensores com fibra óptica para a avaliação do pH em feridas”, explicou Anselmo Frizera.
Ainda de acordo com o coordenador do estudo, a fibra óptica utilizada é formada por um conjunto de polidimetilsiloxano (PDMS) que, dopada de corante, é inserida no tecido de uma gaze e em um curativo, criando o curativo inteligente. “Os experimentos foram somente de validação da tecnologia, ou seja, não foi realizado experimentos com pessoas”, acrescentou o professor.
Frizera também destaca que as contribuições deste trabalho não são apenas o desenvolvimento do primeiro curativo fotônico inteligente, que oferece a possibilidade de avanços importantes na avaliação da cicatrização de feridas, mas também as novas possibilidades de detecção física e química simultânea usando uma fibra PDMS. “Considerando que os sensores em fibra óptica desenvolvidos são também sensíveis aos parâmetros físicos, como a tração e a pressão, fomos capazes de desenvolver um curativo inteligente sensível, simultaneamente à pressão e ao pH”, declarou o pesquisador.
O curativo ainda torna possível, com a sua bandagem, evitar o surgimento de feridas crônicas, que acontece nos casos em que os machucados não recebem o curativo ideal ou quando a causa do ferimento não é adequadamente tratada, impedindo assim a restauração de tecidos. Os experimentos foram somente para a validação da tecnologia, demonstrando que o sistema é capaz de monitorar simultaneamente pH e pressão.
O edital da Fapes em que o projeto intitulado de “Núcleo de Pesquisa e Inovação em Fotônica e Sensoriamento Avançado” foi contemplado é o CNPq/Fapes nº 23/2018 – Programa de Apoio a Núcleos Emergentes (Pronem), que disponibilizou R$ 180 mil para a realização do estudo.
O diretor técnico-científico da Fapes, Celso Saibel, ressaltou o papel da Fapes de investir financeiramente em núcleos emergentes, como o que desenvolveu a tecnologia aplicada no curativo. “O edital Pronem é destinado a grupos que têm pesquisadores nível dois do CNPq, que são pesquisadores que têm reputação cientifica e estão em busca da excelência. A Fapes coloca recursos para que esses pesquisadores continuem produzindo resultados e que, a partir desses resultados, eles alcancem níveis ainda mais altos”, destacou Celso Saibel.
Edital CNPq/Fapes – Pronem
Este edital tem por objetivo apoiar Núcleos Emergentes, por meio de apoio a projetos de pesquisa científica ou de inovação (PD&I), coordenados, exclusivamente, por pesquisadores bolsistas de produtividade nível 2 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (PQ ou DT), visando a contribuir para o fortalecimento e a consolidação de grupos de pesquisa sediados em instituições do Estado. O valor investido neste edital foi de, aproximadamente, R$ 5 milhões.