Reprodução do portal Brasil 247
Cientistas descobriram canabidiol, um composto ativo encontrado na maconha, em uma espécie da planta denominada Trema micrantha blume, um arbusto de crescimento rápido que é encontrado em grande parte do Brasil. Líder do estudo, o biólogo Rodrigo Moura Neto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi quem divulgou a informação.
“É uma planta que já está espalhada pelo Brasil inteiro. Seria uma fonte mais fácil e barata de obter o canabidiol”, disse o pesquisador, segundo relato publicado nesta quinta-feira (15) pelo jornal Folha de S.Paulo.
Um dos principais compostos ativos da Cannabis, o canabidiol não tem efeitos alucinógenos. É cada vez mais utilizado para tratar condições como epilepsia, distúrbios motores, dores crônicas e ansiedade. O que provoca efeito psicoativo é o tetrahidrocannabinol ou THC. A análise química dos cientistas revelou que a Trema contém CBD, mas não THC.
O que é a Trema micrantha blume?
Trema micrantha blume é a nomenclatura científica para uma planta da família das Cannabaceae, a mesma da Cannabis e do lúpulo. Ela está presente em todo o continente americano e aqui no Brasil ela é mais abundante nas regiões sul, sudeste e parte do centro-oeste. Ela é conhecida por diversos outros nomes como pau-pólvora, candiúva, grandiúva e periquiteira.
A Trema produz pequenos frutos avermelhados e é ali que estariam concentradas as moléculas de CBD. Diferente da Cannabis, ela é uma planta perene e que floresce todos os anos. A Trema micrantha cresce rapidamente e pode se transformar em uma árvore de 20m de altura quando madura.
Uma semelhança que a Trema micrantha tem com a Cannabis é a versatilidade. Os povos originários daqui do Brasil utilizam as folhas da planta com fins medicinais, ela possuiria propriedades cicatrizantes e analgésicas. Assim como o cânhamo, o caule e os galhos oferecem uma fibra que é útil na confecção de itens como cestos e cordas. Além disso, essa é uma espécie utilizada em ações de reflorestamento e recuperação de solos degradados. Outra possibilidade com essa árvore é o fornecimento de matéria-prima que serve para a fabricação de pólvora.
O que diz o pesquisador
Em entrevista ao portal Cannabis & Saúde, o professor Rodrigo, que também é professor do curso de Biologia da UFRJ, contou sobre como é colaborar esse avanço na área:
“Olha a minha expectativa é boa sabe eu tenho expectativa de poder produzir um protocolo, que possa ser usado pelas pessoas de modo a obter o óleo em qualidade e quantidade que possa ser utilizado. Uma coisa que a gente tá precisando e muito é fazer pesquisa científica com esse óleo e se você tem uma maneira de produzir em grande quantidade sem restrição, você vai produzir um óleo purificado – é uma coisa importante. Então, a minha expectativa é contribuir para que a ciência avance nesse sentido e traga o bem-estar.”
Antes da pesquisa com a Trema, Rodrigo tinha contato com a Cannabis graças a parceria que ele tem com a Polícia Civil do Rio de Janeiro. Anteriormente, ele trabalhava analisando geneticamente apreensões que o órgão faz de substâncias do mercado ilegal. Agora, ele tem a oportunidade de contribuir para a sociedade de outra forma, facilitando o acesso aos tratamentos com canabinoides, mesmo que sem Cannabis.