Pesquisas realizadas por estudantes da pós-graduação da Ufes e da Universidade de São Paulo (USP) resultaram na publicação do livro Impactos do uso da biomassa como fonte de energia nas residências, em tradução livre, pela Springer, uma das principais editoras científicas do mundo. Os organizadores da publicação são o professor Ananias Dias Jr., do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Ufes, e sua orientanda de doutorado na USP, onde o professor também atua, Allana Katiussya Pereira.
O livro é fruto de teses e dissertações e do projeto de extensão Práticas sustentáveis no uso da lenha e do carvão vegetal para a cocção de alimentos que está em curso na Ufes. São quatro capítulos escritos por mestrandos e doutorandos orientados pelo professor Dias Jr. e um capítulo escrito por pesquisadores convidados da Universidade Federal de Lavras (Ufla) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufram).
“Nossa linha de pesquisa investiga o uso de biomassa para geração de energia no ambiente doméstico para cozinhar, aquecer e iluminar. Diante dessa notória atuação na área pesquisada, um editor da Springer nos convidou para editar esse livro, que aborda, de forma bem didática, aspectos relacionados ao uso da biomassa e os impactos nos alimentos, na saúde das pessoas e sobre as mudanças climáticas”, afirmar Dias Jr., destacando a relevância para a Ufes de ter essa publicação internacional.
Segundo o pesquisador, um terço da população mundial – e da população brasileira – usa biomassa, especialmente lenha e carvão vegetal, para cozinhar, aquecer ou iluminar. “Após a pandemia, no Brasil, esse número quase triplicou devido à elevação do preço do gás de cozinha. Desse ano não temos dados ainda”, afirma o professor. Ele ressalta que, na região amazônica, o uso da biomassa é ainda mais comum, dado o difícil acesso a gás de cozinha.
Dias Jr. lembra que a biomassa é uma fonte de energia limpa e sustentável. “A biomassa não traz nenhum prejuízo, mas os sistemas hoje existentes para cozinhar, aquecer e iluminar – churrasqueiras, forno de pizza de alvenaria e outros sistemas tradicionais – não acompanharam a evolução da biomassa e precisam ser adequados. Hoje, alguns sistemas promovem poluição atmosférica, principalmente porque não têm chaminés, filtros, possuem entrada de ar insuficiente, não dão a permeabilidade de carga necessária para que a combustão à base de biomassa seja a mais eficiente possível”, alerta.
Texto: Sueli de Freitas