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Pré-natal influencia alimentação e aleitamento materno de gestantes, conclui pesquisa

por Equipe ACQF

Mais de 300 gestantes de 45 municípios do Espírito Santo participaram de uma pesquisa da Ufes que avaliou a adesão das grávidas capixabas a uma rotina de alimentação saudável, além do conhecimento do grupo sobre aleitamento materno. A maioria das grávidas entrevistadas relatou não receber orientação adequada sobre nutrição e amamentação durante o pré-natal, o que pode acarretar más escolhas alimentares e o desconhecimento das gestantes sobre a importância do processo de aleitamento materno.

Realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC/Ufes), a dissertação de mestrado Alimentação saudável e aleitamento materno: um estudo em gestantes do Espírito Santo, de autoria da enfermeira Camila Prado, promoveu um estudo epidemiológico por meio de questionário on-line, do qual participaram 368 gestantes com mais de 20 anos de idade, a maioria no terceiro trimestre de gravidez.

Amamentação

Prado observa que o desejo de amamentar, entre as mulheres, sofre influência do acesso ao pré-natal. “As ações realizadas durante a assistência à gestante podem aumentar ou reduzir o desejo de amamentar a criança”, explica ela, que é pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Epidemiologia, Saúde e Nutrição (Gemnut/Ufes) e atualmente cursa doutorado no PPGSC/Ufes.

Coorientador da pesquisa, o professor do Departamento de Medicina Social e do PPGSC Edson Theodoro dos Santos Neto avalia que, “apesar de a nutrição já ter desenvolvido várias fórmulas na tentativa de substituir o leite materno, o processo de aleitamento natural continua sendo comprovadamente o melhor método para a promoção da saúde da mulher e da criança recém-nascida”.

Alimentação saudável

Um dos instrumentos utilizados por Prado para coletar os dados referentes ao conhecimento das gestantes acerca da alimentação saudável foi a elaboração e aplicação do questionário Dez passos para alimentação saudável na gestação, material adaptado do Guia Alimentar, proposto pelo Ministério da Saúde em 2014.

O passo sete, “cozinhar as refeições”, foi o que teve mais adesão dentre as entrevistadas, seguido dos passos um, dois e três (“priorizar o consumo de alimentos in natura”; “realizar refeições com frequência e regularidade”; e “utilizar temperos com moderação”, respectivamente). “Cozinhar alimentos ricos em ferro” (passo oito); “desconsiderar a publicidade de alimentos” (passo dez); “evitar consumir alimentos ultraprocessados com frequência” (passo cinco); “comprar alimentos em feira” (passo seis); “planejar compras e preparo das refeições” (passo nove); e “evitar consumir alimentos processados com frequência” (passo quatro) foram, nesta ordem, os pontos com menor adesão.

Orientações

Os resultados levantados pela pesquisa mostram que a adesão aos passos diverge entre as faixas etárias e as raças. Foi identificado, por exemplo, maior adesão às recomendações dos passos três, quatro e cinco dentre gestantes com mais de 35 anos de idade. Já as grávidas negras apresentaram baixa adesão ao passo oito. “Durante a gravidez, a anemia por deficiência de ferro está associada ao nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, restrição do crescimento fetal, 25 alterações neurológicas e quadros infecciosos”, explica a pesquisadora.

Para ela, receber orientações nutricionais no pré-natal tem influência direta nas escolhas e no comportamento alimentar das gestantes: “Tais orientações contribuem para as escolhas alimentares e na organização da alimentação da família, evidenciando a relevância da educação alimentar e nutricional no pré-natal realizada por uma equipe multiprofissional capacitada”.

De acordo com a professora do Departamento de Educação Integrada em Saúde e do PPGSC/Ufes Luciane Salaroli, que orientou o estudo, a pesquisa evidencia a importância de um cuidado multidisciplinar qualificado durante o pré-natal, por meio de estratégias educativas. “É preciso que as políticas de assistência ao pré-natal sejam reestruturadas a fim de que haja maior valorização das ações de educação em saúde”, conclui.

Texto: Adriana Damasceno

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