O projeto Prevenção da obesidade infantil na atenção primária em saúde: um ensaio comunitário na região metropolitana de Vitória/ES (PrevOI), realizado pelos programas de Pós-Graduação em Nutrição e de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Ufes, chega a sua fase final apresentando como resultados índices menores de obesidade, redução do consumo de alimentos ultraprocessados e aumento de atividades físicas a partir do estímulo a práticas saudáveis e acompanhamento às crianças e suas famílias.
O projeto teve início em 2021 em 26 Unidades de Saúde da Família (USF) dos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica, envolvendo famílias cadastradas que tinham crianças com idade entre 7 e 10 anos. Ao todo, 470 crianças e seus responsáveis participaram do projeto na primeira fase de coleta de dados. O retorno, em 2022, contou com 211 crianças.
No universo pesquisado, o índice de obesidade caiu de 42,65% para 35,71% em um ano, enquanto o percentual de crianças com peso adequado subiu de 37,91% para 42,38%. O tempo de atividade física também cresceu. Se antes 77,5% praticavam atividade física abaixo do recomendado, agora só 24,68% permanecem se exercitando pouco. Também foi identificada a redução do consumo de alimentos ultraprocessados, com diminuição de 42,7% para 37,3%, por exemplo, na ingestão de sucos artificiais. O que continua preocupando é o tempo de tela, que permanece superior ao recomendado: 90,5% das crianças consomem mais de duas horas por dia de tela. Confira todos os resultados no documento anexado abaixo.
“O incentivo às práticas de atividade física e à alimentação saudável pode ter efeito positivo na saúde das crianças. O número de crianças participantes e o retorno para as avaliações foi menor do que o esperado, porém este projeto é pioneiro e pode ser uma semente a ser plantada em todos os municípios do Espírito Santo”, avalia a coordenadora do projeto, a professora Maria del Carmen Bisi Molina.
Coleta e atividades
O projeto consistiu em duas coletas de dados, exames clínicos e atividades educativas. Foram avaliados o estado nutricional, as atividades físicas, de lazer sedentário, sono, pressão arterial, autoconceito corporal, alimentação e indicadores de ansiedade nas crianças. As unidades de saúde realizaram exames bioquímicos das crianças e os pais também passaram por exames nutricionais e de pressão arterial.
Depois de conhecer a realidade das famílias participantes foram oferecidas oficinas, rodas de conversa com profissionais de saúde e práticas de atividade física, além de distribuição de materiais educativos, mensagens de promoção da saúde, dentre outros mecanismos para estimular boas práticas de cuidados com a saúde.
O estudo constatou que o número de crianças com excesso de peso e colesterol alto é grande, mas crianças com peso adequado também apresentavam valores acima do recomendado. “Outros achados importantes foram alta sensibilidade à ansiedade, pressão arterial alterada, tempo de tela elevado e baixa participação das crianças em atividades físicas. Entre os alimentos mais consumidos pelas crianças estão embutidos, achocolatado, biscoitos e refrescos açucarados. Também foram observados percentuais elevados de obesidade, hipertensão não controlada e diabetes nos responsáveis, cuja média de idade é de 38 anos”, afirma a professora
O projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (Fapes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Texto: Sueli de Freitas