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Vacina brasileira para tratar vício em crack e cocaína é finalista em prêmio internacional

Os pesquisadores da UFMG Helton Santiago, do ICB, e Frederico Garcia, da Faculdade de Medicina, concorrem, respectivamente, com os imunizantes Calixcoca e SpiN-Tec

por Equipe ACQF

Duas iniciativas da UFMG estão entre as finalistas do Prêmio Euro inovação na saúde, iniciativa que reconhece grandes inovações da área médica e incentiva o desenvolvimento de soluções no campo da medicina.

Em sua segunda edição no Brasil, a premiação, que registrou candidatos de 17 países da América Latina, vai contemplar três vencedores em quatro categorias: Inovação tecnológica aplicada à saúde, Inovação em terapias, Inovação em processos relacionados à saúde e Inovação social e sustentabilidade em saúde.

Para votar, é necessário ser médico com registro em um dos países com participação da farmacêutica financiadora da premiação. Serão selecionadas três iniciativas por categoria, totalizando 12 ganhadoras que representam as diversas soluções que fomentam a inovação em saúde na América Latina. O valor total da premiação é de €1,05 milhão, que será distribuído para até 12 iniciativas. Serão 11 prêmios no valor de €50 mil e um prêmio destinado à iniciativa destaque, no valor de €500 mil.

Professor Frederico Duarte Garcia destaca que a vacina pode ajudar dependentes a retomar suas vidas | Foto: CCS/Faculdade de Medicina da UFMG

Contra as drogas

A outra iniciativa da UFMG que concorre ao Prêmio é a Calixcoca – Vacina terapêutica para o tratamento da dependência em cocaína e crack. Coordenada pelo professor Frederico Duarte Garcia, do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina, a iniciativa trata de formulação terapêutica inovadora com grande potencial no tratamento da dependência das duas drogas.

Para o professor Frederico, a vacina possibilita que os pacientes com dependência possam se reinserir socialmente. “Esse é um problema prevalente, vulnerabilizante e sem tratamento específico. Os nossos estudos pré-clínicos comprovam a segurança e eficácia do imunizante nessa aplicação. Ela aporta uma solução que propicia aos pacientes com dependência voltar a realizar seus sonhos”, diz.

A iniciativa da Calixcoca já teve a fase de testes pré-clínicos concluída. Agora, a equipe busca financiamento para avançar à etapa de testes em humanos. “Até então, esse projeto foi inteiramente desenvolvido com recursos governamentais. Para restaurar a liberdade das pessoas com dependência e prevenir as consequências fatais, precisamos dar início aos estudos com humanos. Acreditamos que o Prêmio Euro pode viabilizar esse sonho”, projeta o professor.

Professor Helton da Costa Santiago diz que a vacina SpiN-Tec é o primeiro imunizante para Covid 100% desenvolvida no país | Foto: Divulgação

Contra a Covid-19

Um dos projetos da UFMG que concorre ao prêmio é SpiN-Tec: plataforma de desenvolvimento de uma vacina inovadora para Covid-19 desde a concepção. Os testes clínicos são coordenados pelo professor Helton da Costa Santiago, do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).

A SpiN-Tec é uma das poucas vacinas em desenvolvimento contra a Covid-19 que estimula a imunidade celular, propiciando uma proteção mais duradoura contra partes do vírus que não variam muito. Segundo o professor Helton Santiago, ser finalista do prêmio é o ganhar reconhecimento por um trabalho que busca melhorias nas condições de saúde da população.

À esquerda frascos do SpiN-TEC, pasta-base da cocaína usada nos testes da vacina anticocaína | Fotos: CTVVacinas e Foca Lisboa/UFMG

“Nossa presença na fase final da premiação é muito importante porque significa o reconhecimento de uma grande equipe de trabalho multiprofissional e transdisciplinar. Concebemos uma vacina desde o seu conceito molecular e imunológico, buscando uma estratégia pouco visada pela indústria farmacêutica, que é a de induzir imunidade celular. Essa estratégia tem a vantagem de ajudar na defesa contra todas as variantes do vírus”, explica.

O professor acrescenta que os estudos da SpiN-TEC resultaram em uma plataforma que poderá ser aplicada para o desenvolvimento de outros imunizantes. “Desenvolvemos a proteína quimérica, formulamos a vacina, fizemos testes de qualidade, toxidade e segurança, conseguimos as aprovações e estamos na fase dos testes clínicos. Caso sejamos contemplados com o prêmio, vamos investir o valor em outros imunizantes em desenvolvimento no CTVacinas, como as vacinas contra a doença de Chagas e a Zica.”

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